Prefeitura inaugura Academia de Saúde Claudionor de Sena Marques

Infraestrutura

22/10/2021

Único soldado morrense que lutou na 2ª Guerra Mundial é homenageado

Em uma cerimônia emocionante, a prefeita Juliana Araujo inaugurou a Academia de Saúde Claudionor de Sena Marques, no bairro São Sebastião, próximo ao Pachola, no último dia 16/10 (sábado). 

Claudionor foi o primeiro e único filho legítimo de Morro do Chapéu a lutar na 2ª Guerra Mundial. Alistou-se na Força Expedicionária Brasileira em 1943, sendo convocado no ano seguinte para combater junto aos Países Aliados. O soldado foi ignorado, na época, pelo poder público municipal, e teve que contar com a ajuda da família para viajar à Baía de Nápoles, na Itália, para atuar na batalha. Ao fim da guerra, em 1945, Claudionor retornou à sua terra natal, onde foi recebido com desfiles acompanhado pela Filarmônica Minerva. Após a atenção e entusiasmo, mais uma vez Claudionor se viu diante do descaso das autoridades, não conseguindo nem ao menos sua aposentadoria. 

Após 70 anos de sua façanha, finalmente a atual gestão municipal de Morro do Chapéu, em parceria com o Poder Legislativo (Câmara Municipal), reconheceu seus méritos e o homenageou batizando a nova Academia de Saúde com seu nome. O novo espaço de lazer fica, inclusive, em frente à casa de dona Joselita (Dona Zizi), de 94 anos, que é a sobrinha mais velha do combatente. “Só agora que deu certo fazerem essa homenagem”, disse a nonagenária, muito feliz e comovida. “Até isso eu achava que não ia dar certo. Já tinha perdido a esperança, porque ia um, ia outro, e nunca fazia. Agora aqui tá tão bonito, que era ‘uns lixo’, tanta poeira. Agora tá diferente, né?”, agradece. Ela até ganhou um banco com seu nome na nova praça, o Banquinho da Zizi. “Gostei do banquinho, muito obrigado. É bom pra de tarde, de noite, na hora que eu puder vir”, comentou com muita alegria e já aproveitando seu espaço.

“Eu sou fã da história e acho que temos que preservar sempre nosso patrimônio, nossa cultura. Eu não sou filha de sangue desta terra, mas sou filha de coração. Eu amo esta terra como muita gente daqui não amou”, disse a prefeita ao iniciar seu discurso. “Como eu bem falei para a senhora (Dona Zizi), durante minha campanha, a gente ia homenagear o Seu Claudionor, e a família dele está aqui presente hoje. Então, se outros não valorizaram, nós vamos valorizar sempre a nossa história”, asseverou a gestora. “Dona Zizi, espero que a senhora esteja extremamente orgulhosa do nome de sua família estar na Academia de Saúde. Hoje nós estamos realizando um sonho da senhora. Mas também nós temos em memória Dona Aurinha, Dona Ginar, Seu Osvaldo, Dona Raimunda e Dona Marlene que tanto sonharam com este momento e vão ver lá do céu, das estrelinhas, que este momento está sendo concretizado”, homenageou.

Além da prefeita, a cerimônia contou com a presença de diversos secretários municipais e do presidente estadual do PL-BA (Partido Liberal – Bahia) e ex-deputado estadual e federal, José Carlos Araujo, um dos principais incentivadores e entusiasta da atual gestão. “Assinaram antes, com o Fundo Nacional (Fundo Nacional de Saúde – FNS) esta obra. Assinar é fácil. Difícil é realizar. Assinaram, no passado, mas cadê a obra? Não fizeram. Quem realizou foi a prefeita que mais realiza em Morro do Chapéu. Cada obra que Juliana inaugura nesta terra me deixa mais orgulhoso”, ressaltou o presidente do PL.

Dona Francisquinha, 65 anos, cearense, mora há 44 anos em Morro do Chapéu e há 20 anos mora no bairro São Sebastião, onde montou um pequeno comércio há cerca de seis meses. “Nunca entrou um prefeito como a Dra. Juliana. Essa praça nossa, essa rua aqui, era simplesmente abandonada. Hoje nós podemos finalmente levantar uma bandeira na nossa cidade. Precisávamos de uma academia para os idosos e nunca teve, e só ela fez isso para as pessoas de idade daqui de Morro do Chapéu, mais ninguém. Agora demos a volta por cima”, conta a comerciante.

Os parentes do soldado Claudionor presentes na solenidade também não esconderam sua satisfação e orgulho por, finalmente, ver o nome do herói ser reconhecido pela atual administração de Morro do Chapéu. “Quanto tempo poderia ter tido essa homenagem. Foi bom demais”, declarou Sr. Gervásio (Seu Belo), de 83 anos, outro sobrinho do combatente. Outro sobrinho, Sr. João Rodrigues da Silva, de 78 anos, nasceu em 1943, ano em que Claudionor se alistou nas Forças Expedicionárias. “Quando ele voltou, em 1945, eu tinha dois anos de idade, não lembro de nada. Me lembro dele quando ele voltou aqui e eu tinha 25 anos. Essa homenagem devia ter acontecido há muito tempo. Mas tudo tem um tempo para acontecer, né?”, orgulha-se. A sobrinha-neta, Maria Virgínia, de 62 anos, também sentiu-se aliviada com a homenagem e lembrou outro filho da cidade que também foi “pracinha” (soldado): “Ficou muito bonita a praça e acho uma homenagem mais do que justa. Tem o irmão dele também, o Serafim, que também foi soldado e lutou na Revolução de 1932 (Revolução Constitucionalista). Ele foi a São Paulo, participou da revolução, e retornou. Chegamos a conviver com ele. Com o tio “Cláudio” (Claudionor, o homenageado) a gente não conviveu”. A mais jovem sobrinha-neta presente no evento foi Magali, de 54 anos. “É de emocionar, porque são sete décadas, e nunca fizeram uma homenagem a ele. Ele foi injustiçado desde quando foi convocado (para a guerra). Só quando ele voltou é que teve festa. Mas até na hora da velhice dele, até a morte dele, não teve direito nem a aposentadoria. Ele foi o tempo todo esquecido. Agora, depois de setenta anos, veio esta homenagem. Para nós é só gratidão”, declarou visivelmente emocionada.

No mesmo dia, a prefeita também assinou a ordem de serviço para o início das obras de calçamento intertravado das quatro ruas principais do bairro Pachola. As atividades tiveram início na última segunda-feira, 18/10. “Agora vocês terão mais dignidade e mais respeito. E vocês, donas de casa, vão poder limpar suas casas e não vão mais precisar de incomodar com aquela poeira que ficava entrando depois da limpeza”, finalizou a gestora.

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